quarta-feira, 21 de abril de 2010

AYWU PORÃ – A LÍNGUA SAGRADA

1 - PETEYM’NA AYWU PORÃ ATY’GUY (PRIMEIRA AULA DA LÍNGUA SAGRADA)

NÚMEROS – PAPA’NGA KWERE


 Em Guarani os números básicos vão de um (1) à cinco (5). O número um (1) indica a unidade do indivíduo e o número cinco (5) indica a unidade do todo. Então os números básicos do sistema Guarani são:

1- Peteym
2 - Mokoym
3 - Mboapy
4 - Irundy
5 – Peteym’po (uma mão)

Para a formação dos outros números temos de usar os termos:

MEME - dobra o número
RIRE - soma, adiciona

Exemplos:

6 – Peteym’po rire peteym
7 – peteym’po rire mokoym
8 – peteym’po rire mboapy (ou)
irundy meme
9 – peteym’po rire irundy (ou)
irundy meme rire peteym
10 – peteym’po meme (ou)
Mokoym’po
11 – peteym’po meme rire peteym
20 – mokoym'po meme (ou) mokoym’'po rire mokoym'py (dois pés)


Sufixo: NA ao final indica número ordinal

Exemplos:

1º Peteym’na
2º Mokoym’na
3º Mboapy’na
4 º Irundy’na
5º Peteym’po’na


VOCABULÁRIO:


Aty: cerimônia, reunião, celebração
Aywu: língua, fala, palavra, verbo
GuNegritoy: de (de algo ou alguém)
Kwere: indica plural. Ex. papa’nga, número; papa’nga kwere, números.
Meme: dobre
Mbo’ehara (mboea): professor, mestre.
Número: papa’nga
Numerar: papa
Numeroso: ndipapahári
Ñande Reko: Maneira de ser Guarani.
Porã: maravilhoso (a), sagrado (a)
Po: mão
Py: pé
Rire: some, adicione
Tekowa: Lugar onde se vive o Ñande Reko, normalmente a palavra é traduzida como “aldeia”.
Xiinguy (tinguy): grupamento Guarani da linhagem Kara (Karai, Karaiwe, Karaiwa, Karaiba, Karaita, Kari, Kario, Karijo).

2 – MOKOYM’NA AYWU PORÃ ATY’GUY (segunda aula da língua sagrada)


AMBEKETY - ABECEDÁRIO

C, F, Q, L, S - letras que não têm no abecedário da língua Guarani.
ambekety (abecedário)
ty - junção; ponto de coesão, como em mae'ty, como em aty.

A - é nasalizado antes de M e N, ou quando sinalizado com til. Nos demais casos,
nas demais situações, tem som aberto. Ex: ka'a,(aberto); amba (primeiro “a” nasal,segundo “a”aberto)
Ã, ou Am - som nasal, ex :porã. Pode ser escrito também “poram”.
B - pronuncia "MB", como em mborai, mboru (recomenda-se escrever “MB”)
K - ex: Ka'ayu
D - pronuncia "ND" ex: nde'e (recomenda-se escrever “ND”)
E - é nasalizado antes de M e N, ou quando sinalizado com til. Nos demais casos,
nas demais situações, tem som aberto.
~E, ou em – Re’em (e’em).
F - não tem
G - pronuncia "GUE", como em Gato ou "GÜE" como em Guata
H - som aspirado, como em Hot do inglês. Ha'ewete, Ha'ewei
I - é nasalizado antes de M e N, ou quando sinalizado com til, como em xiin. Nos demais casos, nas demais situações, tem som aberto.
I~, ou Im – ex: mirim
J - pronuncia "DJ", como em Awaju, Juku’a; (recomenda-se escrever “J”), como no inglês John
L - não tem
M – normal, como em mitã, mongeta
N - normal, como em any
Ñ, ou nh - soa "NH" ou Ñ do espanhol como em Ñandewa, Añagawa (anhangava), ñemongeta, ñomongeta; pode-se escrever também Nhandewa ou Anhangawa.
O - é nasalizado antes de M e N, ou quando sinalizado com til. Nos demais casos,
nas demais situações, tem som aberto.
Õ, ou om – Ex: ombopu.
P – normal, como em Petyngua.
Q - não tem
R - sempre com som brando, como em ara. Pronúncia semelhante ao Inglês
S - não tem
T – normal, como em tatu, ta’uwõ.
U – é nasalizado antes de M e N, ou quando sinalizado com til, como em ywaum. Nos demais casos, nas demais situações, tem som aberto, como em pytu’u
~U, ou Um – Ex:pytum
V – não tem
X - pronuncia "TCH", como em Xeru.
Y - som gutural, é nasalizado antes de M e N, ou quando sinalizado com til, como em petyn. Nos demais casos, nas demais situações, tem som aberto, como em aty.
~Y, ou Ym - ymba
W - como em where (do inglês), wae'rã


VOCABULÁRIO:

Amba: lugar para onde devemos nos direcionar.
Any: não
Ara: tempo-espaço
Guata: caminhar, andar, percorrer.
Ha'ewete: agradecido
Ha'ewei: uma forma de louvar a divindade (Deus do limite, do que é possível).
Há’ewe: está bom, é bom
Há’ewe’rã: vai dar.
Juku’a: tosse, gripe.
Ka'a: folha, mata, bosque, floresta.
Ka'ayu: chimarrão, mate preparado
Mae'ty: mandala de plantio
Mborai: canto
Mitã: recém nascido
Mboru: constância
Mongeta: admoestar, aconselhar
Ñandewa: dos nossos
Nde'e: voce
Ñemongeta: Salmodiar, cantar monotonamente, canto-mântrico.
Ñomongeta: aconselharem-se
Ñepytum: Escurecer
Porã: sagrado, maravilhoso.
Petyngua: cachimbo sagrado
Pytu: fôlego
Pytu’u: Parar certa atividade
Pytum: Escuro, noite
Pytum’ana: Escuridão grossa
Pytum’are: Muito tarde da noite
Pytum’guyre: no escuro
Pytum’mbyte: meia-noite
Pytum’i: à noitinha
Re’em (e’em): doce
Ty: junção, ponto de coesão.
Xeru: meu pai
Petyn: fumo guarani
Tape: caminho, picada, Carrero.
Ta’uwõ (ta’uwon): profecia
Ymba (mymba): Animal doméstico
Ywaum: semente negra sagrada (sementinhas de fazer colar típico guarani).
Wae'rã: o que será, indica futuro

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Ykarai: O Autorenascimento

1. Ritos de Passagem



Na tradição nativa Guarani Ñandewa (Ñande Reko), quatro são os ritos básicos de passagem que marcam os estágios etários da vida humana; mas muitos outros ritos de passagem reforçam estes ritos básicos. Os ritos etários ocorrem de treze em treze anos, mas eles reverberam em cada fase e em cada ciclo da lua, assim como em cada solstício ou equinócio.

As kunhã (mulheres) têm o reverberamento do seu rito de passagem em cada menstruação, cada menstruação é uma oportunidade de renovação e reciclamento; em todo mês, em cada menstruo, um novo momento pode acontecer; ela marca o mês, por isso essa denominação para o período da lua, pela sua importância. Então pela sua importância dedico o próximo parágrafo a este rito de passagem.
Para o povo Guarani Ñandewa, o “tempo da lua” (Jaxy’ara) é o tempo sagrado da mulher. Durante esse período ela deve liberar-se das energias antigas, que fazem parte de um tempo que passou, e preparar-se para a religação com a fertilidade da qual será portadora no próximo mês. Nosso povo sabe o quanto é importante para cada mulher se aprofundar em seu espaço sagrado durante esse momento de recolhimento, pois as mulheres são as portadoras da abundância e da fertilidade. As mulheres são as mães, elas dão o futuro do povo, trazem fertilidade às lavouras, abrigam os sonhos da nação em seu ventre. E nesse momento elas estão em seu período de renovação. Os povos antigos sabiam que esse era o momento sagrado da mulher, e o respeitavam como respeitavam cotidianamente as mulheres, pelo seu desígnio de portarem a vida.
Mas como disse no início deste tópico, os ritos de passagem referem-se, em geral à conscientização de nossas mudanças etárias, embora eles reverberem em todos os momentos de mudança. Também há o rito do nascimento e o da morte. As exceções a essa forma acontece nos ritos que se realizam em grupos especiais como os dos “moã’ija”, onde os membros são iniciados nos mistérios que conduzem a um nível mais elevado de consciência. Para entrar por essa porta é necessário ter merecido a confiança, haver demonstrado qualidades especiais e ter conquistado a boa vontade dos Kandire (guias espirituais especiais) ou, de um Mboruwyxawete, em passar adiante esse tipo de conhecimento.
Porém importante é salientar que a recusa ou ignorância da transição em um momento de mudança pode ser fatal. Digo isso porque na sociedade contemporânea está se ignorando esse aspecto da condição humana. Quando as pessoas chegam ao seu momento de mudança de paradigma e, não são auxiliadas e nem têm o esclarecimento de que estão sendo chamadas pela natureza para um salto qualitativo na sua maneira de existir, para um novo momento de perceber e viver a vida, é indício de que estamos diante de uma ausência de saber. O resultado da ignorância, da ausência de saber, é a doença e, não conseguir a resposta a uma doença traz a morte (mano), ou seja, a possibilidade de renascimento e mudança inexorável, pois vida é movimento. Então, sempre que estamos diante de uma doença, estamos diante da esfinge que nos diz: “decifra-me ou devoro-te”. A doença indica que estamos estancados, ou seja, que estamos impedindo o fluxo de uma força poderosa de vida e, deixá-la fluir nos conduz a um novo momento de ser.
Os ritos de passagem e a intervenção de um homem ou de uma mulher de sabedoria auxiliam os Wa’erã, os que estão iniciando sua jornada, para que seu trajeto nesta vida possa ser em alegria. Mas, hoje, neste momento de ausência de muitos conhecimentos, normalmente a mudança ocorre mediante a dor (a doença), e muitas vezes o enigma não é desvendado, muitas vezes tenta-se eliminá-lo, mas ele é persistente e retorna em sua missão, em suas muitas faces; pois ele pede para ser compreendido e, tão logo for compreendida a sua missão, o novo momento de vida que porta, nos deixa.


2. NHEEM: O PRINCIPIO BÁSICO




O principal rito de passagem Guarani é o Ykarai, o Ykarai é uma cerimônia de autorenascimento. Após nascer do ventre de nossa mãe, que é nosso nascimento como indivíduo da espécie humana, espécie terrena, homens (awa) e mulheres (kunhã); devemos renascer do ventre de nossa mãe terra (Ñandexy Ywy retã) que é o nosso nascimento para o coletivo, para o cósmico, espécie celestial, espíritos (nheem). Porém, se esse renascimento for apenas formal e não for também real, verdadeiro (ete), ele não se efetiva de fato, de verdade.
Para não haver falta de clareza léxica, é importante dizer que traduzi a palavra Guarani “Ykarai” pela palavra autorenascimento, por ser o léxico com o sentido mais próximo que pude encontrar, para esse termo, na língua hoje falada em Pindo retama (Brasil); mas não podemos deixar de ter em conta que Ykarai também pode significar: autoconscientização, autocriação, autotransformação, autoeducação, autolibertação, autorealização e, autocontrole, individual e coletivo, da vida.
Devemos também considerar, para a compreensão e a aplicação da força numinosa do Ykarai, dois aspectos que são interligados, pois, à parte o Ykarai ser uma cerimônia de desvelamento do nome-alma (rery), ele tem também uma função determinante que é a de dar sentido para a vida do renascente, pois sem ter esse sentido, esse rumo, essa rédea da vida nas mãos, o individuo estará perdido, não chegando a lugar algum. Portanto, o autorenascimento é muito necessário, principalmente para aqueles que largaram as rédeas, que perderam o rumo, o sentido da vida, que perderam a segurança, a liberdade, a independência; e que estão sem criatividade, sem esperança; que vivem em meio a dificuldades imensas, impossibilitados para a realização do autocontrole da sua existência.
O Ñande Reko, a sabedoria ancestral do povo Ñandewa Guarani, nos ensina sobre Ñamandu, a natureza de todos os mundos, ou seja, sobre a ordem e a beleza do Universo. Neste texto, como experiente timoneiro do Ñande Reko (tuja), ensino aos jovens de espírito a pilotar a sua existência. Em suma, ensino a se ter autocontrole sobre a mente, pois nela estão os comandos dessa nave sofisticadíssima que é o nosso ser, veiculo que nos conduz nessa jornada (guata porã), nesse trajeto (guata’gua) até nosso destino.
Inicio este nosso aprendizado sobre o autocontrole da mente, que é o aprendizado sobre o comando da nossa nave-vida, dizendo que como dois vetores que bifurcam, se nos apresentam dois tipos de autocontrole mental, e que entre tantos são: o parcial e o total, o provisório e o definitivo, o momentâneo e o constante, o paliativo e o efetivo, o desistente e o persistente, o superficial e o profundo, o descendente e o ascendente; e que da focalização básica que damos a esses dois vetores depende a nossa existência. Do discernimento que temos do que é principal e do que é complementar para a nossa existência depende a direção que damos para nossa vida; o desconhecimento deste princípio básico nos coloca em rota de colisão com o universo. O Ykarai é o rito que acessa essa consciência.

3. KARU: O COMBUSTÍVEL



A nossa nave-ser tem seu comando na mente e, para acioná-la não é necessário nenhum equipamento grosseiro, ela é acionada pelo verbo, pela palavra (aywu) e, dado o comando, o equipamento entra em operação. Essa é a questão fundamental: ter cuidado com o comando que damos, ter cuidado com a palavra-pensamento e com a palavra exteriorizada, ela aciona o nosso equipamento mente. Por outro lado, para se ter autocontrole mental devemos antes adquirir autocontrole sobre o pensamento-palavra e sobre a palavra dita, ou seja, sobre o verbo (aywu).
Então vamos a esse segundo aprendizado: o do abastecimento do comando. O combustível de nosso ser é Karu, o alimento; nós somos abastecidos de Karu, palavra Guarani que significa alimento; porém a palavra Guarani que significa alimentar-se não existe, existe a palavra “Jau”, que significa, absorver alimento. Porque essa diferenciação? Respondendo: Porque a nossa nave-ser é feita do que absorvemos.
Para acionar o comando da nossa nave-ser precisamos de palavras, palavras que precisamos aprender e acondicionar em nossa memória, palavras que absorvemos. Não podemos desconsiderar esse aspecto maravilhoso da forma-função (rete) humana, nosso próprio corpo é fruto de uma memória genética operacionalizada. Karu é absorvido pela nossa memória através do que ouvimos, do que vemos, do que tocamos, do que degustamos; por isso precisamos ter muito critério, devemos usar nosso arbítrio para escolher boas coisas para absorver, porque elas passarão a fazer parte de nosso ser.
Com relação ao nosso corpo, como ele é um empréstimo deste retã, deste planeta, mãe terra; os elementos que absorvemos dela um dia serão devolvidos; eles fazem parte do nosso espírito somente enquanto durar esta vida, porém eles revestem a nossa memória genética, e deles depende a qualidade da materialização de nosso espírito nesta vida, neste planeta e, a qualidade de nossa vida em muito é determinada pelas escolhas que fazemos dos alimentos sólidos, líquidos, aéreos e ígneos que utilizamos.
Aprendemos então que mesmo o sistema de comando precisa ser alimentado, precisa desse combustível sutil que é a palavra e que para cada função da nossa nave precisamos de um combustível especial. Para alguns pode parecer tarefa fácil alimentar-se, porém, no mundo de hoje, isso não é tão simples assim, devido a um desvio acontecido na percepção do que é principal (aru) e do que é complementar (axy) para a vida.
Estamos vivendo um momento bastante complexo, pois está acontecendo que, paralela e proporcionalmente ao progresso tecnológico, está havendo a destruição da tranqüilidade, da paz, da liberdade, da humanidade, da solidariedade, da fé, da fraternidade, da moralidade, da fidelidade, da justiça, da consciência, da segurança, da resistência, da alegria de viver e ainda, ao mesmo tempo, estamos criando um relacionamento humano de hipocrisia, de espionagem mútua, de aproveitamento momentâneo, de saque, de concorrência, de fuga, de escape mútuo à responsabilidade, de afastamento, de indiferença, de isolamento egocêntrico, de indolência e de degeneração geral.
O caminho existente que oferece a possibilidade certa do auto-aperfeiçoamento é a obediência à ordem da natureza (Kora). A decadência, a degeneração, ou qualquer outra forma destrutiva, é o resultado da ausência de conhecimento da ordem da natureza, do esquecimento, do afastamento, do engano, do saque, da destruição, da ignorância, da fuga, da indiferença, do desrespeito e da ingratidão para com a natureza. Enfim, ninguém poderá desobedecer à ordem proporcional entre o principal, a parte celestial, cósmica, e a complementar, a parte terrestre, se quiser aperfeiçoar sua vida, a qual nunca poderá ser repetida. Quem quiser aproveitar essa possibilidade, para realizar a combustão completa da capacidade própria, terá que obedecer, inevitavelmente à ordem da natureza.
Porém, não podemos nos enganar: somente com o preenchimento da memória, até a estafa intelectual de conhecimentos limitados, ou estudos excessivamente detalhados, sem utilidade prática e criativa, não haverá nenhum aproveitamento satisfatório do combustível espiritual (Nheem’karu). Portanto, não precisamos mais encher, cobiçosamente, nossas cabeças com conhecimentos e informações fragmentadas.
Quem obedece à ordem principal (aru) e complementar (axy) desenvolve. Mas, cada um precisa descobrir a falta de ordem proporcional em sua própria vida. Sempre há uma parte em desequilíbrio. A decisão, com referência ao que é principal ou complementar, depende do sexo, da idade, da constituição, da atividade, do trabalho, do tempo, do lugar, da percepção da vida, etc.. Portanto, antes de qualquer coisa, precisamos definir e determinar a proporção principal e complementar de qualquer assunto que se tenha que enfrentar.
Entretanto, existe a ordem progressiva do movimento, da mudança ou inversão entre o principal e o complementar, paralelamente com a passagem da idade, no desenvolvimento do ser humano. O homem (awa) e a mulher (kunhã) atingem a sua maturidade aos 52 anos. A primeira metade do desenvolvimento da vida humana, desde o nascimento até os 26 anos, dentro da estrutura, da função e da proporcionalidade do desenvolvimento, que é mais físico, é controlada pela alimentação (jau) estomacal (intestinal). Nessa idade, a alimentação física é a principal, e a alimentação espiritual é complementar. Na segunda metade do desenvolvimento da maturidade humana, dos 26 aos 52, a realização é principalmente espiritual. É uma mudança aru/axy. Aos 26 anos deverá estar terminada a fase da construção física, dando início assim à construção espiritual da personalidade, concentrando e direcionando a vida para a frutificação.
Karu, o combustível da vida em todos os mundos; e Jau, a sua absorção, pedem que tenhamos juízo, arbítrio, pois errando nesse inicio, no abastecimento dos dados, continuaremos errando e cada vez nos desequilibrando mais, até que surja uma oportunidade de conscientização do desequilíbrio e assim possamos nos corrigir. A cerimônia de Ñemongarahei, da floração e da renovação do(s) propósito(s) sempre nos oferece uma oportunidade de equalização ou de reafirmação do nosso destino cósmico (guata’gua), é uma cerimônia de avaliação do nosso desempenho na jornada, de celebração de nossas vitórias e momentos de contar os golpes sofridos e as perdas. O Ñemongarahei é o momento de reavaliação do Ykarai, de renová-lo, de reafirmá-lo ou, de redirecioná-lo. No Ñemongarahei realimentamos a consciência de sermos divinamente humanos.